A gente gosta de brincar de circo... Trampolim para a qualidade de vida Para as irmãs Ana Catarina e Maria Fernanda, as aulas de circo que duram uma hora e meia são tão divertidas quanto a hora do recreio na escola. A cama elástica é o "brinquedo" favorito de Ana Catarina, que se diverte pulando de um canto ao outro do aparelho, a felicidade fica estampada em seu rosto. Embora tenha um jeitinho tímido, ela já elegeu seus instrutores preferidos. Quando cansa de pular, corre para os braços do professor Maikon Ferreira, também conhecido como o palhaço "Chuquito", que estava atento a cada movimento da garota. Sentado em um canto do aparelho, a menina descansa no colo do instrutor por alguns minutos e, assim que ganha fôlego novamente, volta à farra. Já a irmã dela, Maria Fernanda, que optou pelas atividades de solo, adora correr e dar cambalhotas em colchonetes próprios para esses exercícios. Com a ajuda de professores, ela pratica saltos e se equilibra na corda bamba. "O objetivo das aulas é, além da complementação de técnicas e iniciação ao circo, manter o corpo e a mente saudáveis, beneficiando o ser como um todo. A alegria, a confiança, o trabalho em equipe, o processo de criação, a disciplina e as habilidades circenses funcionam psicologicamente como 'trampolins' para um salto de qualidade de vida", explica Rose Daignese, da Academia de Circo. "As crianças mais gordinhas ou tímidas também têm vez por aqui, pois temos diferentes tipos de atividades para todos os perfis", acrescenta Rose. No Galpão do Circo, também em São Paulo, as crianças têm à disposição modalidades como tecido, malabares, acrobacia de solo, trapézio fixo e de vôo e perna-de-pau, mas o destaque fica por conta das aventuras acrobáticas do Baú Encantado. Destinado a crianças entre quatro e nove anos, o curso combina atividades físicas e artísticas com narrativas de histórias e elementos musicais. De um velho baú, ouve-se histórias narradas pelos professores, em um ambiente cheio de mistérios e mágica. As crianças encontram personagens do enredo e partem para a aventura. Camas elásticas, trapézios e cordas, transformados em rios e cipós, servem de cenário para grandes desafios. Por fim, as crianças criam desenhos, pinturas e adereços, sempre relacionados ao universo simbólico da história. Ensaio para o futuro "Uma criança bem-orientada terá mais chance de se tornar um adulto saudável e feliz", acredita o médico do esporte Renato Romani, do (Cemafe/Unifesp). Neste sentido, para o especialista, o grande benefício da aula de circo é o fato de estimular as crianças a praticarem atividades físicas desde cedo. Além disso, a maioria dos exercícios necessita da ajuda de um instrutor ou mesmo do coleguinha, e "isso acaba ensinando, na prática, lições de companheirismo e solidariedade aos pequenos", acrescenta Romani. Vale lembrar, porém, que, para o circo realmente oferecer todos esses benefícios, a criança precisa ter prazer em se exercitar e brincar. Por isso, o importante é deixá-la livre para experimentar todas as atividades oferecidas e escolher a sua predileta - seja ela a realização de uma simples cambalhota, o contorcionismo no trapézio ou o desafio de equilibrar-se na corda bamba. "A brincadeira e a prática esportiva fazem parte das condições que precisam ser criadas para que meninas e meninos tenham acesso aos requisitos necessários ao desenvolvimento pleno de seu potencial", finaliza o médico do Cemafe/Unifesp. Mas tudo isso as crianças já sabem...No picadeiro, as regras são muito simples e a garotada entende muito bem: diversão, amizade e muito riso.
Dar cambalhotas, fazer palhaçadas, subir no trapézio, se equilibrar na corda bamba... As crianças invadiram o picadeiro, e os pais estão aplaudindo o show. Com as atividades circenses, a garotada reduz a ansiedade, exercita o corpo e aprende lições de vida
POR DENISE CAMARGO